![]() |
| Nem todo lugar onde você se encaixa, serve para você. |
Quantas expectativas eu pensava, porque depois descobri que eram coisas da minha cabeça, que as pessoas colocavam sobre mim.
Eu era/sou aquele cara "padrãozinho". Bom aluno, bom filho, bom moço, caseiro, dócil, amável, calado, que aguentava chacotas (e hoje chamam de bullying), não violento, tímido e que nunca dizia "não" para ninguém...
Além disso, muito pouco ousado em tantos aspectos da vida.
Com o passar dos anos (ou dos danos) percebo o quanto eu me "mutilava" ou me "esticava" para "caber" no mundo das pessoas, O "sim" que era pra ser um "não", o "não" que era pra ser "sim". As noites solitárias em casa apenas para não preocupar os pais...
Mutila, rasga, emenda, seja normal! Seja padrão! Seja o que a sociedade deseja que seja...
Lembro, há muitos anos, li Maquiavel e os conceitos de Virtu e Fortuna. A deusa Fortuna (a sorte, circunstância do tempo, a quem precisa conquistar) afortuna/abençoa/agracia aqueles que agem com Virtu (essa capacidade de enxergar além, de assumir as rédeas da vida, de viver e se entregar à vida).
Pois é, parece, quando olho para mim, não vejo tanto Virtu... mas, também, não vejo equilíbrio em minhas ações, pois sinto-me no outro oposto. Como ser agraciado pela Fortuna se apenas sou um mero expectador da vida???
Não digo que preciso lançar-me aos grandes empreendimentos ou, ainda, levantar um "digitus infamis" e declarar um "fuck off" pra todo mundo...
Salomão, em seu livro chamado Eclesiastes, diz que muitas coisas debaixo do sol não fazem sentido, por isso recomenda desfrutar das das coisas simples como "beber, comer e se alegrar. Ele ainda diz para não ser excessivamente justo, sábio, ímpio ou tolo porque tudo isso pode trazer destruição (e a vida passa). São palavras simples e intrigantes.
Confesso que não comecei bem esse ano. Confesso que há dentro de mim, parafraseando Clarice Lispector, um desejo de algo que ainda não tem nome.
Virtu não é garantia de nada! O que Maquiavel chamava de "Fortuna" é na verdade uma "grande loteria"
Façamos algumas apostas!!!
*Procusto, na mitologia grega, era um bandido que possuía uma cama (malandramente eram duas camas com tamanhos diferentesO onde viajantes eram convidados para se deitarem, Se os hóspedes fossem mais altos, ele amputava suas pernas e os que tinham pequena estatura eram esticados até atingirem o comprimento da cama

Nenhum comentário:
Postar um comentário