terça-feira, 30 de novembro de 2021

10 ANOS QUE ELE CHEGOU (25/30)

 

 


10 ANOS QUE ELE CHEGOU 



Os filhos são herança do Senhor, uma recompensa que ele dá. - Salmos 127:3

 

 

Sabe quando um desejo arde em seu coração? Sabe quando uma minúscula centelha surge e toma conta de tudo?


Eu ainda era um adolescente... mas, inexplicavelmente, algo dizia em meu coração que eu seria pai de um menino que não teria meu DNA.


A partir disso, sempre esteve latente dentro de mim que, em algum momento, ele estaria comigo.


Posso até dizer que comecei a amar alguém que não existia. Um serzinho que só existia na minha mente e coração. Mas, sempre tive a plena certeza de que ele chegaria... de que Deus já tinha preparado sua vinda!


Muitos anos se passaram, casei, tive minha primeira filha, Thalita, e queríamos aumentar a família. Até mesmo a Thalita já pedia por um irmãozinho que ela já bem sabia que poderia “nascer do coração”. Todos nós orávamos pela vinda dele! 

Demos os primeiros passos em direção a adoção e em agosto de 2010 procuramos a Vara da Infância da cidade para fazer nosso cadastro e entrar na chamada “fila de adoção” (mal sabíamos que um ano depois ele estaria nascendo)! O processo de cadastro não é muito burocrático, mas uma vez na fila, não há como saber quanto tempo pode demorar pois depende de inúmeros critérios como cor (Infelizmente, alguns casais ainda colocam esse critério) sexo, idade desejada (por conta da idade da Thalita colocamos até 4 anos), se adotaria irmãos ou deficientes e, por fim, a disponibilidade da criança (há muitas crianças em abrigos que por vários motivos não são destituídas de suas famílias e isso impossibilita sua adoção).


Continuamos orando pela chegada do nosso menino, esperamos por um ano e três meses, até que na manhã do dia 25 de novembro de 2011, uma sexta-feira, Patrícia recebeu aquela ligação que tanto esperávamos... e disseram que ele tinha chegado! Naquela mesma tarde, teríamos que ir ao abrigo para conhecer o menino que foi prometido para nós.


Bom, algo raro aconteceu pois naquele dia e momento tinham 5 crianças, com menos de 7 meses, disponíveis para adoção e como era a nossa vez na fila, tínhamos o “direito” de “escolher” a criança. Agora, entendam nossa posição... não é como ir no supermercado ou feira e apertar uma fruta para saber se vamos levar para casa! Nosso filho amado, querido e sonhado estava lá! Estava nos esperando para nos adotar também! Confesso que foi um tanto tenso entrar em um enorme berçário e “procurar” por ele! Passamos por todas as crianças até chegar ao nosso querido. Ele estava dormindo e quando chegamos, ele abriu seus olhos e nos olhou como quem reconhece sua família e sorriu para nós. Momento mágico e único! Desde aquela primeira centelha, faísca divina, se passaram por volta de 2 décadas... meu coração estava dilatado e cheio de amor! Amor tão visceral e incondicional! Ele estava diante de mim!


Ainda, não podíamos levá-lo para casa pois depois da “escolha” teríamos que esperar para que o juiz da Vara assinasse o documento com a guarda provisória do nosso filho.


Estávamos felizes e ansiosos! Thalita não via a hora de conhecer seu irmãozinho... e poucos dias depois, exatamente no dia 30 de novembro, fomos, finalmente buscar nosso filho!


Hoje, completa-se 10 anos e nosso amor por Samuel só aumenta! Bendito seja Deus!

sábado, 27 de novembro de 2021

EU, ESCRITOR? (24/30)


 

EU, ESCRITOR?

 

"O segredo do escritor é anterior à escrita. Está na vida, está na forma como ele está disponível a deixar-se tomar pelos pequenos detalhes do quotidiano." - Mia Couto 

 

 

 

O alemão Thomas Mann, vencedor do prêmio Nobel de literatura de 1929 disse que “o escritor é um homem que, mais do que qualquer outro, tem dificuldade para escrever”.


Eis-me aqui, entre um gole de café e outro, tentando concatenar ideias! Juntar as palavras colecionadas e deixar-me levar pelos caminhos da escrita.


Às vezes, tenho impressão de que tudo parece um tanto óbvio. Ora, quero um pouco de originalidade, também! Inspirar-me nos gigantes do passado e na borboleta impressa na caneca de café.


Acredito que tenho um “crítico interno” muito rígido que sempre diz que tudo o que escrevo é um tanto “sem graça”! Neste tribunal, eu sou réu, acusador e juiz... e, ainda, não consigo sair desta condição. E confesso que há palavras presas em mim... palavras que não se desprendem porque temo dizê-las!


Certa vez li que para ser um escritor é necessário se assumir como escritor. Assumir que tem algo a dizer e que acredita que isso pode ser relevante. Ou seja, se olhar no espelho e entender que está diante de um escritor. E isso não significa que terá algum livro publicado ou que ganhará dinheiro com isso, mas que a escrita é algo latente em sua vida.


Enfim, EU SOU UM ESCRITOR!


Agora, dito em voz alta (ou escrito “CAPS LOCK”) parece um tanto “louco”.


- Olá, tudo bem? Meu nome é Cláudio Regis e entre inúmeras outras coisas, sou escritor!


Vixe! As mãos ficam até suadas! Fecho os olhos, paro um pouquinho o texto e tomo mais um gole de café...


...


Entendo que assumindo isso, assumo uma condição que não é inata... e, com certeza, ainda hesitarei em me colocar assim diante das pessoas! Contudo, meus queridos cinco leitores, quero dar o meu melhor enquanto for possível.


Seja como for, tentarei expor um pouco da minha alma para o mundo! Entendo que a vida não é feita de “linhas pontilhadas” que podemos apenas seguir... somos linhas tortas que se cruzam a todo instante e, acima de tudo, quero exaltar o Eterno pois, “porque dele, por ele e para ele são todas as coisas”!

IDEIAS PRÓPRIAS (23/30)



IDEIAS PRÓPRIAS (23/30)

“Não tenho vergonha de mudar de ideia, porque não tenho vergonha de pensar.” - Blaise Pascal 

 
 

 

Sempre faço questão de dizer o quanto sou ambíguo e contraditório. Na verdade, nunca fiz questão de ser “dono da verdade” ou “ter a última palavra”! Gosto muito de ponderar e conhecer todos os lados ou, como dizem, conhecer os “dois lados da moeda”.


A escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, em um dos mais assistidos vídeos da história do TEDx, nos alertou sobre “o perigo de uma história única”. Histórias únicas são problemáticas porque contam apenas sobre um lado que com o passar do tempo tornam-se “verdades absolutas”, criando, assim, rótulos e estereótipos falaciosos. Eu, por exemplo, antes de morar no Nordeste, achava que “Caruaru” era o nome de uma feira e não de uma cidade (toda referência que eu tinha era o que passava na mídia televisiva).


Histórias únicas, ainda, são editadas conforme o interesse de quem narra. Ao se colocar várias histórias em uma única narrativa, acaba-se privilegiando alguns detalhes em detrimento de outros. Como disse o Antônio Biá (personagem fictício do filme “Narradores de Javé”), "uma coisa é o fato acontecido, outra é o fato escrito". E esse é o ponto... não existe isenção ou neutralidade em quase nada daquilo que chega até nós como “fatos”. Por isso, é bom dialogar com os discursos opostos.


Bem, minhas ambiguidades não significam que minhas convicções são fracas ou que sou relativista. Significa que estou aberto a ouvir e entender o outro, lembrando que tudo o que vejo, leio ou penso é sempre parcial. Portanto, amanhã posso mudar de opinião ou amadurecer outras ideias. 

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

HOUVE UM DIA EM QUE... (22/30)


 

HOUVE UM DIA EM QUE...

Houve um dia em que... 
Pela última vez você e seus amigos de infância saíram para brincar na rua e voltaram para suas casas sem que nenhum de vocês soubessem que seria a última vez. - Pedro Veraszto 

 

Como bem diz a canção, “a vida é trem-bala, parceiro...”! A vida é uma neblina que aparece e se dissipa como nos lembra o Tiago da bíblia.


Hoje, mais uma vez, fico reflexivo a respeito vida e, claro da própria morte pois lembro da partida do meu pai.


Meu pai e eu não tínhamos muitas afinidades... sempre fui introvertido, gostava de ficar dentro do meu quarto-caverna nos fins de semana lendo minhas HQ´s, livros, revistas, jornais e tudo o que pudesse ser lido. Ele, sujeito mais “bicho do mato”, achava que eu não tinha “jeito de homem” porque gostava de ficar em casa enquanto qualquer garoto da minha idade estava com suas “namoradas”. Era difícil para ele entender o quanto eu era tímido e com uma autoestima mais rasteira que “umbigo de cobra”! Não tinha aptidões esportivas e ele adorava um futebol. Éramos distantes como “serra e litoral” e por conta disso preferi, durante muito tempo, o silêncio. Preferi não compartilhar muito da minha vida com ele. 

Saí de casa com 22 anos para morar sozinho em outro estado. Minha irmã, a esta altura, já estava casada há uns poucos anos. Então, meus pais ficaram com o “ninho vazio”...


Sentia muita falta dos meus pais, da convivência com minha irmã e sobrinhos... Embora, eu ligasse quase sempre, as visitas eram poucas e curtas por causa da distância e dispendiosidade da viagem. Enfim, nos víamos uma vez por ano de modo geral.


Alguns anos se passaram depois que saí de casa e o destino favoreceu para que toda a minha família pudesse morar perto de mim e reatei minha relação com ela, depois de quase uma década longe. 


Claro que houveram percalços! Mas, quero chegar no ponto em que minha relação com meu pai mudou bastante... afinal, já éramos adultos! Eu já tinha a minha família e, além disso, sempre amei profundamente meu pai.


Conversávamos bastante! Fazia questão de sempre abraçá-lo e beijar seu rosto! Acredito que recebi muito mais afago dele depois de adulto do que antes quando era apenas um menino.


Meu pai partiu há 11 anos! E além da saudade, tenho sempre uma sensação de que perdi um tempo precioso em muitos momentos da vida. Não acho que ele foi o melhor pai do mundo, mas tenho certeza que ele foi o melhor pai que poderia ser! E hoje, quando olho meus filhos, entendo bem isso. “Somos quem podemos ser” e nada mais!


Estranho pensar que “houve um dia que” eu abracei o meu pai, beijei seu rosto e disse que o amava, sem saber que seria a última vez...


Esse é ponto! Nunca sabemos quando será a última vez de nada... certamente é muito clichê dizer que precisamos “abraçar mais, beijar mais, agradecer mais, amar mais e tudo o mais...”. Entretanto, esta é a realidade. O dia que chamamos HOJE é o dia perfeito!


Ligue, veja, escreva, afague seus filhos, abrace seus pais, cuide da família, tome um café com seus amigos, diga que ama, viaje, curta a vida de alguma forma pois o amanhã é mero devaneio.


Ora, Aquele a quem pertence o Amanhã cuidará do amanhã!


Não queria terminar essas linhas de forma melancólica! Tenho uma esperança ímpar de que encontrarei meu velho pai novamente. Ele está bem! Só preciso “lembrar de não esquecer” de tantos que ainda estão por aqui, ainda HOJE!