quinta-feira, 25 de novembro de 2021

HOUVE UM DIA EM QUE... (22/30)


 

HOUVE UM DIA EM QUE...

Houve um dia em que... 
Pela última vez você e seus amigos de infância saíram para brincar na rua e voltaram para suas casas sem que nenhum de vocês soubessem que seria a última vez. - Pedro Veraszto 

 

Como bem diz a canção, “a vida é trem-bala, parceiro...”! A vida é uma neblina que aparece e se dissipa como nos lembra o Tiago da bíblia.


Hoje, mais uma vez, fico reflexivo a respeito vida e, claro da própria morte pois lembro da partida do meu pai.


Meu pai e eu não tínhamos muitas afinidades... sempre fui introvertido, gostava de ficar dentro do meu quarto-caverna nos fins de semana lendo minhas HQ´s, livros, revistas, jornais e tudo o que pudesse ser lido. Ele, sujeito mais “bicho do mato”, achava que eu não tinha “jeito de homem” porque gostava de ficar em casa enquanto qualquer garoto da minha idade estava com suas “namoradas”. Era difícil para ele entender o quanto eu era tímido e com uma autoestima mais rasteira que “umbigo de cobra”! Não tinha aptidões esportivas e ele adorava um futebol. Éramos distantes como “serra e litoral” e por conta disso preferi, durante muito tempo, o silêncio. Preferi não compartilhar muito da minha vida com ele. 

Saí de casa com 22 anos para morar sozinho em outro estado. Minha irmã, a esta altura, já estava casada há uns poucos anos. Então, meus pais ficaram com o “ninho vazio”...


Sentia muita falta dos meus pais, da convivência com minha irmã e sobrinhos... Embora, eu ligasse quase sempre, as visitas eram poucas e curtas por causa da distância e dispendiosidade da viagem. Enfim, nos víamos uma vez por ano de modo geral.


Alguns anos se passaram depois que saí de casa e o destino favoreceu para que toda a minha família pudesse morar perto de mim e reatei minha relação com ela, depois de quase uma década longe. 


Claro que houveram percalços! Mas, quero chegar no ponto em que minha relação com meu pai mudou bastante... afinal, já éramos adultos! Eu já tinha a minha família e, além disso, sempre amei profundamente meu pai.


Conversávamos bastante! Fazia questão de sempre abraçá-lo e beijar seu rosto! Acredito que recebi muito mais afago dele depois de adulto do que antes quando era apenas um menino.


Meu pai partiu há 11 anos! E além da saudade, tenho sempre uma sensação de que perdi um tempo precioso em muitos momentos da vida. Não acho que ele foi o melhor pai do mundo, mas tenho certeza que ele foi o melhor pai que poderia ser! E hoje, quando olho meus filhos, entendo bem isso. “Somos quem podemos ser” e nada mais!


Estranho pensar que “houve um dia que” eu abracei o meu pai, beijei seu rosto e disse que o amava, sem saber que seria a última vez...


Esse é ponto! Nunca sabemos quando será a última vez de nada... certamente é muito clichê dizer que precisamos “abraçar mais, beijar mais, agradecer mais, amar mais e tudo o mais...”. Entretanto, esta é a realidade. O dia que chamamos HOJE é o dia perfeito!


Ligue, veja, escreva, afague seus filhos, abrace seus pais, cuide da família, tome um café com seus amigos, diga que ama, viaje, curta a vida de alguma forma pois o amanhã é mero devaneio.


Ora, Aquele a quem pertence o Amanhã cuidará do amanhã!


Não queria terminar essas linhas de forma melancólica! Tenho uma esperança ímpar de que encontrarei meu velho pai novamente. Ele está bem! Só preciso “lembrar de não esquecer” de tantos que ainda estão por aqui, ainda HOJE! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário